Divaldo Lara: como pensa o novo presidente da Câmara de Vereadores (Jornal Minuano)

Crédito: Antônio Rocha
Nas panelas, é um especialista em risoto de camarão;
...no dia a dia, um "pai babão" pelos filhos Rafael (16 anos) e Gabriela (dois anos); na política, é o novo presidente da Câmara de Vereadores. Divaldo Vieira Lara, 35 anos, consultor em gestão pública, está no segundo mandato como edil e, segundo ele, o último nesta função.
Da sua casa nova, construída na região do aeroporto, ele enxerga as torres de Candiota de um lado, a paisagem exuberante de Aceguá do outro e vislumbra um dia comandar a prefeitura de Bagé. Entretanto, Divaldo acredita que não concorrerá ao cargo nas eleições de 2016 e, sim, mais adiante, pois sua irmã, Adriana, tem a intenção de disputar a eleição ao executivo.

Família e história
Casado com Priscila Fischer Lara, pai de dois filhos, Divaldo é filho de uma dona de casa e de um oleiro. Viveu até os 34 anos no bairro Castro Alves, o qual costumeiramente é citado em seus discursos. "Tive uma infância muito pobre, mas bem divertida. Só fui ter um chinelo aos 12 anos, ia para a escola com um lápis apontado com gilete. Mas meus pais sempre incentivaram muito que todos nós estudássemos, cobravam nossos resultados", conta, referindo-se a ele e seus cinco irmãos.

Aos oito anos, o vereador começou a trabalhar com seu pai, na olaria, onde ficou até os 15 anos. Então começou a trabalhar com o irmão, Luís Augusto Lara, hoje deputado estadual, que à  época era dono de uma boate. "Eu limpava os banheiros da boate. Era muito diferente da olaria, onde eu trabalhava todos os dias com barro e bicho. Na boate eu lidava com gente e era interessante", avalia. Com o dinheiro que ganhava lá, ele comprou equipamento e passou a colocar som em festas de aniversário. Foi nesta época, aos 18 anos, que nasceu o primeiro filho, Gabriel.

Depois deste período, Divaldo ainda trabalhou na loja de conveniência de um posto de gasolina, até que foi trabalhar com o irmão Luís Augusto na política. Aliás, apesar de serem três irmãos neste meio, o novo presidente da Câmara de Vereadores garante que eles não tiveram nenhuma influência familiar. "Brotou naturalmente este gosto pela política, não é uma herança. Meu pai, inclusive, foi muito resistente à candidatura dos filhos", aponta. Apesar de algumas posições divergentes nesta área, Divaldo afirma que os três tratam o assunto de forma profissional. "Não deixamos nossa relação familiar ser afetada por estas questões. Sempre conversamos muito sobre política, mas somos independentes no que pensamos a respeito dela. A minha eleição serviu para unir nós três com esta posição. E trabalho em família, quando dá certo, é uma maravilha", elogia.

A política
"Hoje eu percebo que me apaixonei pela política aos oito anos. Eu juntava os santinhos dos políticos e colecionava. Lembro de ter os do Remídio Garcia, do Djalma Leite... E eu adorava quando me levavam a comícios! Lembro de ter ido ao do Lula, do Brizola, do Kalil, do Vargas", recorda. Segundo ele, o envolvimento se tornou maior quando o irmão concorreu pela primeira vez em 1992. "Eu andava fazendo campanha e distribuindo material dele, mesmo sem entender direito o que era aquilo, pois era criança. Mas gostava da função", revela.
Segundo Divaldo, a partir desta eleição de Luís Augusto, ele passou a frequentar mais o meio político, como ir a sessões na Câmara de Vereadores. "Via os discursos dos vereadores e achava lindo, me deslumbrava com aquilo", afirma.

Seus próximos passos neste meio foram na coordenação da campanha dos irmãos: para deputado, de Luís Augusto e para vereadora, de Adriana. "Senti um orgulho quando ela, depois de eleita, me chamou e convidou a trabalhar como assessor legislativo", relembra.
A partir daí Divaldo começou a se preparar para um dia se tornar um representante do povo. Estudou, coordenou outras campanhas, trabalhou na Assembleia Legislativa. Em 2008, achou que estava preparado para se lançar como candidato. "Falei para o meu irmão e ele respondeu que não era uma boa hora, já que nossa irmã Adriana já era candidata a vereadora e tinha uma trajetória reconhecida na área, que a probabilidade de eu perder era grande. Eu quis tentar do mesmo jeito. Ninguém me convidou, eu fui lá e pedi para concorrer. E pela primeira vez na história de Bagé, dois irmãos foram eleitos para a mesma função", orgulha-se.

A escolha pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) se deu há 18 anos e nunca mudou. O vereador afirma que escolheu devido as biografias de Getúlio Vargas e Alberto Pasqualini.

O exercício da função
Diferente de outros políticos, Divaldo não é defensor de nenhuma bandeira específica. "Meu DNA é de servidor, gosto de servir e trabalhar pelo que acho justo. Nunca tive uma causa social específica. Percebo que três coisas foram essenciais para eu vencer as eleições que disputei: a minha história, a equipe de trabalho e a minha preparação", enumera.
Divaldo afirma que a política consome integralmente seu tempo. "Eu estudo sempre para estar pronto para encarar os desafios desta função. Leio muito sobre administração pública, legislação, jornais, revistas e me preparo bastante para cada sessão na Câmara de Vereadores", destaca.

O novo presidente da Câmara sentencia que para ele a política é como uma empresa. "Se conquista credibilidade com trabalho e resultados. Exercer a política requer profissionalismo. Apesar de ver desta forma, não vejo o ser político como uma profissão", esclarece. O edil conta que procura se envolver com os principais assuntos da cidade, na área do desenvolvimento econômico e infraestrutura do município.
Sobre decepções, Divaldo afirma que não teve nenhuma. "Penso numa política menos doutrinária, menos ideológica partidária e, sim, mais eficiente, mais humana. O teor partidário menor e a eficiência maior. Pensar numa política para as pessoas e não por partidos", disse. Ele ainda defende uma reforma política onde os poderes Executivo e o Legislativo sejam escolhidos separadamente, pois afirma que as pessoas focam muito no candidato maior, que é do Executivo e não prestam tanta a atenção no Legislativo. "Separando, acredito que os eleitores escolherão candidatos mais qualificados e preparados, com capacidade de discutir", opina.

Futuro
Entre os planos de Divaldo estão mais tempo para a família. "Quero concluir meu último mandato como vereador com efetivação da minha marca e o legado que vou deixar para a política, que é a eficiência. Um dia quero ser prefeito, pois acho que a cidade pode ousar e evoluir mais", define. Entre seus desejos estão plantar mais, pois tem uma paixão por sua horta; aproveitar mais a infância da filha e poder se dedicar mais para a família e os amigos.

Por: Fernanda Couto