Artigo: A mobilização da comunidade possibilitou o tratamento oncológico em Bagé

Presidente da Câmara de Vereadores de Bagé

Até cinco anos atrás, o sofrimento de uma doença que maltrata milhões de famílias no mundo inteiro era ainda mais cruel para os moradores de Bagé. Porque aqui não havia tratamento e, pior, uma perspectiva pessimista, muitas vezes baseada em dados supostamente científicos, afirmava que não havia necessidade de uma unidade de tratamento oncológico no município pela insuficiência de casos.
Mas, a luta incansável de abnegados crentes e idealistas de que nada é impossível e que um mundo melhor sempre é possível, falou mais alto.
A Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) de Bagé surge pela força comunitária, através da mobilização de Edgar Muza, de Manif Curi Jorge, de Mário Mena Kalil, de Luiz Alberto Vargas, da provedoria do Hospital da Santa Casa e das autoridades políticas, como o meu irmão, deputado Luís Augusto Lara, que teve uma participação efetiva, importante e necessária nesse processo.

Se por um lado havia o pessimismo, por outro um número maior de pessoas otimistas que lutaram e auxiliaram para que tivéssemos a infraestrutura e os serviços oferecidos, representando uma revolução no município e na região no tratamento oncológico.
O diretor da Unacon, médico radio-oncologista Dionísio Becker, destaca que a votação na Consulta Popular foi fundamental e viabilizou as condições para o serviço.
Até o dia 10 de dezembro de 2010, a busca de atendimento fazia com que famílias inteiras fizessem o impossível para se deslocar e garantir o mínimo de infraestrutura em Porto Alegre, Santa Maria e Pelotas, isso quando não havia a necessidade de ir ainda mais longe.
O repasse pelo governo do Estado, de R$ 500 mil, conquistados na Consulta Popular, em 2008, possibilitou a aquisição dos equipamentos da unidade de oncologia; após dois anos, já existia um ambulatório especializado, permitindo internações clínicas, cirurgias, quimioterapia e o fornecimento de medicamentos oncológicos, tudo pelo SUS.
Houve, sim, uma verdadeira revolução na saúde da região. Uma mudança que surge da mobilização popular. E quando uma comunidade quer, ela faz acontecer.
Hoje, são 550 pacientes atendidos e duas mil consultas, em média, realizadas por mês - 95% pelo SUS. E isso representa tratamento gratuito.

Ainda faltam os equipamentos de radiologia. Bagé e a Santa Casa de Caridade foram contemplados pelo Ministério da Saúde e estão na lista para ter o Unacon completo com a radioterapia. A previsão é de que o problema seja resolvido até o final de 2017. Tomara que aconteça antes.
A unidade de oncologia recebeu o nome de Marcos Wille Mattos, filho de Ivar e Marcelina Mattos, vitimado pela doença e que transmitiu toda a força necessária para que seus pais lutassem muito para Bagé ter o tratamento oncológico. E eles conseguiram. Em uma demonstração clara de que quando a população quer e se une, tudo de bom é possível e acontece na nossa cidade.
Homenagear os profissionais da Unacon, ao completar cinco anos de inauguração, proposto pelas vereadoras Sônia Leite, Cláudia Souza e por mim,  na Câmara Municipal de Vereadores, é uma honra como presidente do Legislativo bageense.