Artigo: 21 horas de trabalhos ininterruptos na Câmara de Vereadores

Na última segunda-feira, dia 20 de junho, os trabalhos da Câmara Municipal para as sessões ordinária e extraordinárias convocadas começaram às 10h15min e encerraram às 07h do dia seguinte, 21 de junho. Foram 21 horas de trabalho, de reuniões de comissões, análises de projetos, discussão e votação.
Embora a marca de tempo tenha entrado para a História do Legislativo Bajeense, é a primeira vez que a maratona de trabalho ocorre dessa forma e por tantas horas, trata-se de uma exceção. Vários fatores devem ser levados em conta, da pressa do Executivo à urgência de alguns projetos e os prazos da Lei em um ano de eleições municipais.

O projeto de concessão para isentar o Imposto Sobre Serviços (ISS) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para a implantação de um shopping em Bagé talvez tenha sido o mais esperado dos projetos em tramitação. É importante esclarecer à população que o Executivo enviou o PL do shopping ao Legislativo no final de dezembro do ano passado, com problemas. Em última análise, contendo erros e falta de informações, tendo voltado à Prefeitura. Em meados de março, o Poder Executivo reenviou o projeto à Câmara com as correções. De lá para cá tramitou nas comissões de análises, como Infraestrutura, Finanças e Justiça.

A pressa da Prefeitura e da empresa responsável pela implantação do complexo comercial no extremo norte da cidade levaram alguns vereadores, principalmente do governo, a insistir na tramitação e votação do projeto. Foram à imprensa reclamar da lentidão da Câmara.
Ora, não era para tanto. O Legislativo obedece a um trâmite. Eu sou a favor do desenvolvimento da minha cidade, acredito que investimentos desse tipo chegam para engrandecer o município, contribui com o seu progresso. Mas, como escrevi nesta coluna na semana passada, não é possível oferecermos o melhor para quem vem de fora e esqueçamos os nossos, empresários que há 10, 20, 30 e até 50 anos estão aí, investindo e acreditando em Bagé. Se há oferecimento de benefícios como isenção de impostos para quem vem de fora, temos que conceder o mesmo para quem é daqui.

Por outro lado, as contratações emergenciais para a Secretaria de Saúde, o vale-alimentação dos servidores municipais, além das aberturas de créditos tinham urgência na votação.
Se as sessões se estenderam é preciso que aqueles que reclamaram entendam que o parlamento é um lugar de debates, discussões, busca de consenso. Houve quem pedisse a continuidade das sessões terça, quarta, quinta, obedecendo a um critério de horário reduzido. Mas, não havia motivo para tal. Quem acompanha o Legislativo sabe que há votação de matérias em todas as sessões. Algumas mais urgentes que outras.

Em resumo, vou me valer das palavras do vereador Carlinho do Papelão na manhã de ontem na Câmara: - Trabalho não me assusta. Trabalho todos os dias, começo e não tenho hora para parar.
Na verdade, quem sabe o que é um poder como o legislativo compreende que o vereador  e os assessores legislativos têm de estar prontos para grandes jornadas, como essa de segunda-feira, a maior da História da Câmara de Bagé.